Não existe resposta certa para definir qual é a melhor forma de montar um orçamento ou estabelecer o preço de um produto. Especialistas e consultores concordam que essa tarefa não segue uma fórmula mágica. A grosso modo, você pode pensar que definir o preço é somar uma margem de lucro qualquer sobre o custo definido de produção. Mas nesse universo existem outras questões que devem ser consideradas e analisadas.
BAIXE AQUI a planilha detalhada para acompanhamento de custos da marcenaria
Para chegar ao preço mais apropriado, os marceneiros devem e precisam conhecer a estrutura de custos da empresa. Analisá-los detalhadamente e sentir qual o efeito dos preços a serem praticados pela marcenaria no mercado favorece e facilita a formação do valor do produto. O coordenador de projetos de madeira e painéis do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Alexandre Ambrosini, sugere que o marceneiro monte uma planilha de custos para poder visualizar a produção. "O preço de um produto depende diretamente dos custos, que devem ser avaliados cautelosamente, desde água e energia elétrica, passando por matéria-prima, ferragens e mão-de-obra, até chegar nos impostos", lembra.
O coordenador do Sebrae lembra também dos benefícios que a fixação de preços pode trazer à marcenaria. Segundo ele, uma empresa pode estabelecer preços com o objetivo de conseguir participação ou focar em determinado segmento de mercado: "Tabela de preços pode posicionar a empresa em determinado mercado, o que garante ao marceneiro a oportunidade de fazer um controle do processo produtivo, dimuindo desperdício e melhorando técnicas de gestão administrativo-financeira".
O valor de venda de um produto pode ainda depender de outros fatores – por exemplo, quando a concorrência inicia uma alteração de preços ou quando a marcenaria passa a ter novas demandas, como uma construção, ampliação ou aquisição de novos equipamentos.
É para evitar disparidades que a Associação de Marcenaria de Fortaleza (Amfor) está congregando informações e pretende orientar as marcenarias e revendas da região. "A entidade busca reunir elementos para mostrar aos marceneiros como se chegar ao preço de venda de um produto, sem haver muitas variações de mercado, porque cada profissional tem na sua cabeça uma maneira de constituir valor de um produto", demonstra Edmilson Monteiro da Silva, diretor financeiro da Amfor.
Cálculos
Uma solução encontrada por um marceneiro foi visualizar todos os custos de produção de maneira metódica e organizada. Flávio Chiode, de São Paulo (SP), adaptou uma planilha de formação geral de preços para a própria marcenaria, colocando todos os custos, até mesmo hora trabalhada, vidro, carreto, frete, terceiros etc. Ele diz que a organização e a quantificação de custos acabam elevando o preço que oferece. "Tenho certeza que é o mais justo. No fim do processo, consigo visualizar três tipos de preços. O primeiro me dá o valor de todos os custos, somado à minha margem fixa de lucro. O segundo é o valor adotado por muitos marceneiros, multiplicando por 3 o custo do material. O terceiro é um cálculo por metragem de material. Os três resultados precisam estar próximos do real. É assim que funciona", revela Chiode.
O marceneiro já teve problemas com clientes por causa do preço. Ele conta que um dos consumidores encomendou um produto e reclamou do orçamento: "Tive que imprimir uma tabela e mostrar para ele quais eram meus custos. Demonstrei que o preço era justo e que a minha margem de lucro não era tão grande quanto ele imaginava. Acabei conquistando e fidelizando um cliente".
A planilha tem efeito quando se sabe operá-la. Flávio Chiode é analista de sistemas por formação e não tem dificuldades para isso. Mas há casos em que o desconhecimento técnico acaba impedindo esse trabalho. Nesse caso, o diretor técnico da Formar, Manfred Pauls, sugere que o marceneiro faça um curso de cálculo ou de formação de preço (ver box nesta página). "Não ter controle dos custos e da produção hoje em dia é um suicídio empresarial. Não se pode fazer um preço estimado, com cálculo levado nas coxas. De um cliente você cobra menos. Do outro, mais. No final, nenhum dos dois clientes fica satisfeito", opina.
Essa reportagem foi publicada no portal E-mobile
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Postado por: Ronisio Maia